No Coordinates – Capítulo 1

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Uma história que eu escrevi ontem. Se vocês gostarem talvez eu faça mais! O design dos personagens ainda é um WIP (work in progress/trabalho em progresso), mas eu tenho os primeiros rascunhos! 

Boa leitura!

Log número 366

366 dias presa no espaço, sistema desconhecido perto do sistema binário ξ Oph (Xi Ophiuchi)

   Faz um ano e um dia que o motor da minha nave parou de funcionar. Já mandei cerca de 45 mensagens para diversas bases que ficam em sistemas próximos do Xi Ophiuchi, o último que passei antes do sistema de navegação simplesmente parar de funcionar, o que não mudou muita coisa pela falta de energia que veio de alguns dias com o motor desligado. Ainda não tive resposta. Duvido que a mensagem tenha chegado em qualquer um deles, e se chegou, com certeza já está afogada nos trilhões de emails que eles recebem todos os dias. O gerador tinha energia até ontem, mas agora ele parou de funcionar; consequentemente o gerador de oxigênio também parou, então estou tendo de usar o traje espacial dentro da nave. Ainda tenho como me sustentar por uns dois meses, mas nesse ponto eu já aceitei que já não tenho mais tanto tempo.

  Engraçado que a única coisa que está me permitindo saber as horas é o relógio que minha avó insistiu que eu levasse. A paranoia dela tem me salvado de ficar mais maluca do que eu já estou. O que seria de mim se eu não soubesse que dia era e quanto tempo eu ainda tenho? Tem um certo conforto em saber a hora de me despedir.

Hoje vou enviar uma última mensagem. Não estou direcionando pra ninguém. Talvez alguma nave passando receba a mensagem a tempo de me tirar daqui. Essa frase é usada demais, mas como dizem, a esperança é a última que morre; por mais que esperar que alguém esteja passando por perto no tempo exato seja pouco provável.

Cecil, Astronauta e bióloga do Centro de pesquisa de Exoplanetas (CPE).

  A noite no espaço é extremamente desconfortável sem a gravidade artificial. Os astronautas dormem em sacos de dormir presos à parede. Não deve ser confortável dormir flutuando. Passa dia e passa noite sem um pingo de diferença na iluminação da espaçonave porque estamos no meio do espaço e não temos sol pra iluminar nada aqui. 

  Cecil olha para o pé direito altíssimo, para a entrada para a área de convivência escura e vazia…. É óbvio que essa nave foi construída para mais que apenas uma pessoa, mas Cecil havia sido enviada para uma missão solo. Sorte dela que ela precisava de bastante espaço para suplementos, por sua missão ser uma de pesquisa e sobrevivência em exoplanetas; mas, ter uma nave tão grande não contribui para a saúde mental de uma astronauta que acabou de ficar presa completamente sozinha no meio do espaço; na verdade só deixa mais tempo para os pensamentos intrusivos adentrarem. 

   Ela vira para sua direita em direção a área de convivência, e encosta na parede ao lado de uma grande janela circular. Como as pessoas na terra estão reagindo à sua falta de notícias? Com certeza bem, já que ninguém veio a procura dela… A sua mãe não deve nem imaginar o que aconteceu e deve estar tomando café na casa da vó nessas horas. A vó deve ter comprado laranjas demais na feira e feito um bolo de laranja. A mãe deve ter comentado que Cecil odeia bolo de laranja. O que Cecil não daria para comer o bolo de laranja da sua vó? Já faz tanto tempo que ela só come comida congelada…O bolo de laranja, a toalha de mesa manchada de café… O cheiro das chuvas de março e o abraço dos familiares sempre que chega… Cecil sente um aperto no peito. A solidão consome seu ser, e lágrimas escorrem por seu rosto. Ninguém sente sua falta? Como sua mãe e sua avó vão se sustentar durante a aposentadoria? Ela veria todos de novo? Enquanto seus pensamentos andam em círculos, ela fecha os olhos. Talvez ela sonhe com o bolo de laranja da vó.

Uma vibração ao lado de sua perna acorda Cecil. Seus olhos se abrem devagar, mas assim que ela vê a notificação no tablet que a acordou, uma nova esperança a encobre.

Resposta a pedido de ajuda

Oi! Recebi sua mensagem e estou a 1km-luz de você. Também estou preso por aqui. Bem, desculpa que não é a ajuda que você esperava, mas… pelo menos o meu motor ainda está funcionando. Posso enviar um Ônibus espacial até a sua nave.

– Trevor.

E aí? O que vocês acharam? Já tenho algumas ideias para um segundo capítulo, mas nem comecei ainda :')

Se vocês quiserem mais eu posso escrever!

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