Clarice Lispector e Descartes: “Penso, será que existo?”

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Numa fatídica segunda feira (2 dias atrás), estava eu lendo Clarice Lispector e voltando do Senac, quando me inspirei a dar minha cabeça um espaço no papel.

Estava lendo A Hora da Estrela, onde muito se fala sobre o pensamento das coisas e refletir, gosto muito da forma que ela escreve.

Em adição a isso, recentemente durante as aulas de Filosofia estivemos vendo sobre o filósofo Descartes, autor da famosa frase “Penso, logo existo” trazendo a ideia onde a única coisa que temos certeza de sua existência é nosso “eu” pensante.

Motivado então tanto pela filosofia quanto a literatura, escrevi um depoimento de um personagem em uma descoberta absurda: a mente e seu portador fazem parte de realidades distintas, trazendo reflexões sobre o que é mesmo viver.

Acompanhado dessa fileira, fiquem livres de ler ela ao lado e comentarem a interpretação de vocês sobre esse personagem ;).

ERRO FATAL

Hoje cometi o pior de meus erros: Dei a palavra a mim mesmo, trazendo com ela o dote da reflexão. Reflexão de minha existência, da capacidade de remanejar meus atos e relatos.

Hoje, perdoe-me, mas me levei ao pecado. Pecador seja aquele que lhe dá a palavra e a ouve atentamente. Aqueles quem compartilham a atitude de viver, ainda mais no mesmo plano de si próprios.

Trouxe luxúria a minha mente quando lhe presenteei com o diálogo interno, principalmente quando a mimei com minha conversa durante extensas horas. Pedirei desculpa novamente por meu erro, ato fatal a minha consciência e eu-lírico, visto que não serei o mesmo daqui em diante, tenho certeza disso.

Sintético tem sido meu mundo desde o ocorrido, irreal e distante meu pensamento, sendo até um destaque maior que a ação de viver em si.

Tomada minha decisão, percebi tal desconexão de meu corpo e mente. Mente minha que tornara do tamanho de uma galáxia inteira. Mente de forma que não tenho certeza de sua real verdade. Certo seria admitir minha dúvida perante de sua grandiosidade, ora tenho incerteza de sua face. Face distinta e sonora, tanto quanto turbulenta.

Precisaria então tomar uma atitude e dar um fim a minha tragédia. É necessário que seja dito algo, mesmo que em forma de uma afirmação magra e frágil, querendo ser inconstante em seu posicionamento. Devo então trazê-la da forma mais ríspida e bruta, para que a mensagem seja rápida e não se leve a dúvida. Trago assim minha hipótese surrealista: “Erro mesmo foi meu ser se entregar a si próprio, pois agora há de não haver escapatória da razão disto, sabendo que meu corpo e mente são objetos distintos situados em planos inconstantes.”

-Felix

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